terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Stereologica: Gás novo no Rock Independente Nacional


Vem direto da cidade de Niterói (RJ), uma das bandas mais interessantes do Rock Independente Nacional. Com fortes influências e muito bem dosadas de toques eletrônicos, a Stereologica está conquistando o Brasil e está cheia de gás. Entenda o que estou querendo dizer, nessa entrevista com Mari. B (guitarra e voz) e Roberto Moura (guitarra e voz).

Ficou curioso? Então acesse: www.myspace.com/stereologica ou www.ponk.cl/stereologica


Quais são as principais referências musicais da banda?
Como nós fazemos toda a programação, arranjos e produção das músicas até agora, pesquisamos bastante pra conseguir unir as referências que temos de rock - que passa tanto por Smashing Pumpkins, Pixies e afins, quanto por coisas mais antigas e menos óbvias à primeira audição, como Led Zeppelin, Black Sabbath, Pink Floyd - com os elementos eletrônicos. Nessa, acabamos ouvindo muita música de língua não-inglesa, que acreditamos serem as principais referências que temos agora, como Wir sind Helden e Fotos, que são alemãs, e o Polysics, que é uma banda japonesa muito bacana.

O que vocês já produziram de material próprio?
Nós começamos a banda gravando uma demo caseira para recrutar novos membros, mas nosso primeiro lançamento oficial foi o EP que lançamos em julho do ano passado através do netlabel chileno PONK ( http://www.ponk.cl/ ), que o distribui gratuitamente para download no http://www.ponk.cl/stereologica . Desse EP, fizemos um clipe para a música "A Valsa e o Caos" em stop motion, dirigido, editado e produzido por nós mesmos (Roberto e Mari), isso tudo quando o Hugo ainda estava na banda. Depois que ele saiu, fomos através do selo fazer uma mini-tour no Chile, onde gravamos um clipe pra "Insula", que também está no EP, mas a versão do clipe foi reeditada e remixada por lá. Esse clipe está pra ser lançado muito em breve, já está prontinho, só estamos resolvendo algumas questões burocráticas de registro, porque esse vamos enviar pra TV. Além desse, temos mais um clipe surpresa pra ser lançado mais pro meio do ano, que também já está pronto. E estamos já começando a pensar na gravação do nosso primeiro álbum cheio.

Como a banda utiliza internet para divulgar as músicas?
Procuramos utilizar de forma sincronizada todas as redes sociais, tanto as de uso geral como twitter, facebook, orkut, youtube, etc. como as redes mais específicas para divulgação de música, como myspace e reverbnation. O objetivo é atrair ouvintes de forma criativa e ao mesmo tempo pessoal. Trabalhamos também muito com pesquisa, estamos sempre lendo sobre o que está rolando atualmente, o que tem sido comentado em sites e na imprensa musical. Esse é um trabalho que tem que ser contínuo, e é difícil no começo abranger tudo, principalmente por sermos só duas pessoas cuidando de tudo na banda. Nós tivemos uma boa divulgação nas redes sociais, nosso myspace teve uma boa média de visitas ano passado, e através de uma campanha no twitter e facebook tivemos mais de 1000 downloads do EP em uma semana. Agora já temos uma base legal nesses lugares e só precisamos fazer a manutenção, que é mais simples. Agora começamos a mandar material pra blogs e sites. É trabalho de formiguinha, mas compensa e tem trazido um resultado legal.

Quais são as perspectivas para esse ano?
Esse ano queremos fazer muitos shows, fechamos um formato bacana e queremos rodar o máximo possível com ele pra divulgar esse material que produzimos. Estamos começando o ano indo pro Rio Grande do Sul pro Grito Rock, vamos tocar em Porto Alegre e Santa Maria. Estamos nos programando pra viajar bastante esse ano. Nesse primeiro semestre, temos certos já o lançamento dos dois clipes, vão ser o foco da divulgação, além do EP que ainda queremos difundir mais.


Como vocês analisam a cena independente do Brasil?
A cena musical independente no geral vive um momento único no mundo. Muitos artistas grandes optando por deixar as gravadoras, muitos artistas novos entrando em gravadoras grandes e não atingindo nem de longe o êxito que o Móveis Coloniais de Acaju consegue, por exemplo. Especificamente aqui no Brasil, achamos que em termos de circulação nunca rolou uma integração tão grande, e consequentemente, tanta facilidade pras bandas organizarem turnês em diferentes cidades e estados. O Ponte Plural, coletivo de bandas de Niterói do qual fazemos parte, integrou recentemente o Circuito Fora do Eixo. Tivemos contato com outros coletivos do Brasil inteiro no Goiânia Noise e na Feira Música Brasil, que pudemos conhecer como representantes da Rede Rio Música, até então um projeto do SEBRAE/RJ. No Rio era praticamente impossível se ter noção do nível de organização ao qual o CFE chegou, pois o mercado funciona de uma forma totalmente diferente por aqui. E é uma coisa que dá um novo gás pra gente, é através desses contatos e dessa integração que vamos tocar no Grito Rock lá no Sul, e muitas portas estão se abrindo. Estamos atualmente em um período de transição de um antigo modelo da indústria musical para um novo modelo que ninguém ainda sabe ao certo como vai se desenvolver. Essa realidade da ABRAFIN e do CFE, apesar de ser resultado de um trabalho que já vem de muitos anos, ainda é um modelo historicamente muito novo, e acreditamos que a tendência seja tomar um vulto muito maior do que já vem tomando. É um modelo que vem sendo elogiado lá fora, e recentemente vem ganhando cada vez mais visibilidade e de certa forma, uma legitimidade da imprensa nacional. Logicamente, a cena independente não se resume a isso, existem diversas realidades nas diferentes regiões do Brasil. Mas dentro do nosso nicho, acreditamos que seja esse o modelo que irá se estabelecer como referência nos próximos anos.

Um comentário:

Mari B. disse...

Só uma errata. Antes da entrevista ir para o ar, o trabalho do coletivo do qual fazemos parte, saiu do Araribóia Rock e passou a se chamar Ponte Plural. =)

Abraços!